segunda-feira, 22 de outubro de 2012

A novela no Brasil: mobilidade social pós-Lula


        Diante do fenômeno que se tornou a novela da Rede Globo “Avenida Brasil” vários especialistas foram convocados para analisar aquilo que para muitos, é apenas uma novela, tipo de comunicação de massa muitas vezes criticados pelos intelectuais, mas que por outro lado, impactam na sociedade de forma assustadora. Segundo a Profª. Ivana Bentes “É uma pena que os teóricos gastem tão pouco tempo analisando o que é visto por milhões de pessoas. Acham que analisar novela ou futebol ou desfile de escola de samba não dá STATUS. Erro político e teórico! O cinema "mais político" é justamente aquele que o faz (como a novela) nos tornando refém de uma narrativa! As redes sociais podem ser um lugar de uma nova forma de partilha da critica.”
            Numa reportagem no jornal OGlobo Especialistas explicam o fenômeno Avenida Brasil:
Maria Immacolata Lopes, coordenadora do Centro de Estudos de Telenovela da USP afirmou que “A telenovela, no Brasil, mais do que entretenimento, é a narrativa da nação. O João Emanuel captou o espírito que vivemos hoje. E isso vai além da classe C. O país passa por um momento de orgulho e otimismo. O fato de ele focar no subúrbio tem tudo a ver com isso”
Ivana Bentes, diretora da ECO, afirma que “É uma novela sobre mobilidade social, e que dramatiza essa mobilidade entre grupos sociais diferentes, com gosto estético distinto, com comportamento social próprio, de forma inteligente, fazendo uma crônica do presente. 
         Letícia Hees, professora de Comunicação em Televisão da PUC-Rio, “ O núcleo do subúrbio sempre existiu, mas em outras novelas ele era mais caricato. Em “Avenida Brasil” há uma humanização decorrente da consistência dos personagens.”
Mauro Alencar, Doutor em Teledramaturgia Brasileira e Latino-Americana pela USP aponta que “Essa construção apurada dos personagens é um dos diferenciais apontados. O folhetim acertou em cheio ao focar no subúrbio carioca com uma visão positiva do cotidiano. A isso tudo podemos somar uma trama perfeitamente bem urdida, que flertou com outros gêneros como o cinema e o seriado.
Maria Ataíde Malcher, doutora em Teledramaturgia pela USP, observou o envolvimento dos jovens com a trama. “Esta geração está mais voltada para outras mídias. Com “Avenida Brasil”, eles acompanharam e repercutiram a novela na web. A linguagem dos capítulos é diferente, as cenas são rápidas e recortadas. Mas eles não ligam porque a leitura que fazem não é linear”.
Prof. Muniz Sodré, sociólogo e professor da Escola de Comunicação da UFRJ, destacou a influência da literatura. “Muitos autores fazem sucesso apenas reciclando materiais literários, mas essa história transcendeu o folhetim. Está num limite tênue com a literatura. Um exemplo é a estrutura de romance policial usada pelo autor, que manifestamente usou a escritora Agatha Christie como referência. Há o início de uma forma literária que nunca havia visto em novela alguma."
Como pode ser observado os elogios e comentários foram muitos e revelam o poder da Comunicação de massa, no dia da exibição do último capítulo (19/10/2012) até o trânsito apresentou um comportamento diferente dos demais dias. No twitter o tópico #oioioifinal foi o assunto mais comentado (trending topics).
Vários jornais do mundo comentaram o fim da trama: ExameVejaThe GuardianCorreio do EstadoLeFígaro e BBC.

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