Em 1963 Anísio Teixeira,
no Rio de Janeiro, por ocasião da sessão do Conselho Internacional de Educação
para o Ensino proferiu o discurso intitulado “Mestres de amanhã”. Neste texto
ele revela os vários desafios dos “mestres de amanhã” e o poder das tecnologias
na sala de aula. Deixa claro que se dirige aos mestres do que chama de ensino
comum.
Creio, no exame
do tema que nos ocupa, que não me cumpre exprimir apenas ansiedades e
esperanças a respeito dos mestres
de amanhã, mas procurar antecipar, em face das condições e da situação de
hoje, o que poderá ser o mestre dos dias vindouros. E entre os mestres
buscarei, sobretudo, caracterizar os mestres do ensino comum, do ensino
destinado a todos, ou seja, na fase contemporânea, os mestres da escola primária
e da escola secundária. (TEIXEIRA,
1963, p. 10, grifo nosso).
Já se passaram 50 anos e o
texto nos revela problemas atuais, ou melhor, desafios antigos que neste
período ainda não foram superados. Anísio mostra, no trecho abaixo, as várias
facetas destes mestres.
Para isto, ouso
pensar, o problema consistiria em formar um mestre, êsse mestre de amanhã, que
fôsse um pouco do que já são hoje certos jornalistas de revistas e páginas científicas, um
pouco dos chamados por vezes injustamente popularizadores
da ciência, um pouco dos cientistas que chegaram a escrever de modo geral
e humano sôbre a ciência, um pouco dos autores
de enciclopédias e livros de referência e, ao mesmo tempo, mais do que tudo
isto. (TEIXEIRA, 1963, p. 17, grifo nosso).
A maravilha
deste texto está na sua atualidade, escrito em 1963, mas poderia ter sido
escrito em 2013, os desafios ainda são os mesmos.
Por que não será
impossível êste mestre? Porque são extraordinários os recursos
tecnológicos que
terá para se fazer um mestre da civilização científica, podendo para isto
utilizar o cinema como forma descritiva e narrativa e a televisão como forma de
acesso a mestres maiores que êle.
O mestre seria
algo como um operador dos
recursos tecnológicos modernos
para a apresentação e o estudo da cultura moderna, e como estaria, assim,
rodeado e envolvido pelo equipamento e pela tecnologia produzida pela ciência,
não lhe seria difícil ensinar o método e a disciplina intelectual do saber que
tudo isso produziu e continua a produzir.
A sua escola de amanhã lembrará muito mais um laboratório, uma oficina, uma estação de televisão do que a escola de ontem e ainda de
hoje. Entre as coisas mais antigas, lembrará muito mais uma biblioteca e um museu do que o tradicional edifício de
salas de aulas.
E, como
intelectual, o mestre de amanhã, nesse aspecto, lembrará muito mais o bibliotecário apaixonado pela sua
biblioteca, o conservador de museu apaixonado pelo seu museu e, no sentido mais moderno, o escritor
de rádio, de cinema ou de televisão apaixonado pelos seus assuntos, o pIanejador de exposições
científicas, do que o antigo mestre-escola a repetir nas cIasses um saber
já superado. (TEIXEIRA,
1963, p. 17-18, grifo nosso).
Mestre-bibliotecário,
mestre-museólogo, mestre-jornalista, mestre-mestre e muitos outros, mestres são
todas as profissões em uma só.
Nossa homenagem ao Dia
do Mestre!
TEIXEIRA,
Anísio. Mestres de amanhã. Revista
Brasileira de Estudos Pedagógicos, Rio
de Janeiro, v.40, n.92, out./dez. 1963. p.10-19. Disponível em: http://www.bvanisioteixeira.ufba.br/artigos/mestres.html. Acesso
em: 12 out. 2013.
*
Texto de Érica Resende (Bibliotecária do CFCH e Mestre em Educação)
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