“Os jornais mentem, os historiadores mentem, a televisão hoje mente”
Bibliotecários, jornalistas e demais profissionais da informação mencionaram a repercussão da morte de Umberto Eco, no dia 19 de fevereiro de 2016. Houve diversas manifestações nas mídias sobre a importância deste intelectual italiano para o mundo.
Em 1981 durante as comemorações dos 25 anos de atividades da Biblioteca Municipal de Milão, Umberto Eco proferiu uma palestra onde elencou 19 pontos de uma má biblioteca. Este texto nos faz refletir sobre a Biblioteca e a satisfação do usuário. Outro momento marcante foi o lançamento de “Não contem com o fim do livro”, este título polêmico, reforça a importância do livro e suas diferentes funções, questões amplamente discutidas no âmbito da Biblioteconomia.
A Professora da Escola de Comunicação da UFRJ, Ivana Bentes publicou em sua página no Facebook um texto que resume a trajetória e a importância de Umberto Eco usando palavras simples e fortes:
Os jogos de inteligência e sedução de Umberto Eco, um dos poucos autores que deram sentido a isso que chamamos de Teoria da Comunicação e que foi o primeiro curso que eu dava recém chegada na ECO-UFRJ como professora, ainda descobrindo as teorias junto com os alunos!
1. A constatação óbvia, mas reveladora de "Obra Aberta" que diz que toda obra de arte é aberta e não se reduz a uma interpretação. A arte contemporânea trazendo esse caráter de indefinição e pluralidade frente as poéticas clássicas incapazes de lidar com a pluralidade de sentidos e as incertezas do mundo.
2. Apocalípticos e Integrados. Um livro provocador e absolutamente contemporâneo, ótimo para analisar os discursos polarizados nas redes.
Eco ironiza e critica tanto os "apocalípticos" que sobrevivem de discursos sobre a decadência da sociedade pós indústria cultural e cultura de massa e que se sentem superior a tudo isso! Os apocalípticos se consolam na catástrofe e se apresentam como superiores ao mundo, uma comunidade de 'super-homens' que se afirmam na recusa!
Mas também desconfia dos "integrados", os que são pouco críticos e imersos na funcionalidade do sistema social, com uma dose exacerbada de positivismo, alienação, imersos felizes e integrados na massificação.
3. Como se Faz uma Tese. O mais irônico texto de Eco sobre o extremo sofrimento, as angústias e incertezas de um tipo universal: o universitário da depressão, sofrendo horrores para escrever algo digno. Quando entendi isso, descobri que a tese era só o início de uma relação de altos e baixos com a escrita, com a teoria, com o discurso acadêmico: "A tese é como um porco: nada se desperdiça" foi meu único consolo para tanto sofrimento escrevendo a dissertação de mestrado e e a tese de doutorado.
4. Os romances! O Nome da Rosa, um texto que dá vontade de nunca mais escrever em academiquês, esconjurar todas as notas de pé de página e entender que a erudição e as referências infinitas, as mil teorias. livros e autores podem ser um extraordinário jogo de salão e de inteligência sedutora.
5. Em algum livro de Eco (O Pêndulo de Foucault) li pela primeira vez que os computadores tinham um inconsciente! Que é para onde vão todas as palavras, frases deletadas e embaralhadas e que ficam girando nesse limbo até que voltem a superfície fazendo sentido e virando escrita.
Hoje, lendo sobre a morte de Eco pularam esses fragmentos dos seus livros. Adios Eco! #umbertoeco #eco #ufrj #comunicação
Leia
mais sobre Umberto ECO em:
- Umberto Eco é caso raro de sucesso de
vendas com respeito intelectual- Morte de Umberto Eco comove a Itália
- Intelectuais brasileiros comentam o legado de Umberto Eco
- O dia em que Umberto Eco curou minha tristeza
- Umberto Eco e o manual do mau jornalismo
- O Nome da Rosa, de Umberto Eco, foi destaque no Caderno B do Jornal do Brasil em1983
Nenhum comentário:
Postar um comentário